ㅤㅤConsiderado por muitos o primeiro homem moderno e o pai do humanismo, Petrarca possui uma diversificada lista de obras, principalmente redigidas no latim. A sua produção mais celebrada e difundida foi o Canzoniere (Rerum vulgarium fragmenta), escrita não no latim, mas no italiano volgare, que o imortalizou como poeta lírico amoroso. Desse modo, quando falamos de poesia do Amor, é inevitável reconhecer a visibilidade e repercussão de Francesco Petrarca. A sua lírica deixou um extenso legado, principalmente no que tange à escrita sobre o amor, a “maneira petrarquista” marcou a compreensão amorosa no Renascimento que se difundiu por toda Itália e pelo mundo. E tudo isto iniciou quando na Sexta-Feira Santa de 1327 o poeta viu pela primeira vez aquela teria o nome imortalizado em seus versos, a sua amada, Laura. Laura foi a concretização poética do ideal de pureza e amor de Petrarca. Porém, uma concretização dual: incontestavelmente, amá-la o enobrecia, e o degradava. Petrarca trouxe na figura da sua mulher amada uma experiência paradoxal relacionada ao viver amoroso, a confluência desses fatores incitou o sistema petrarquista, remetendo à Petrarca a criação de algo equivalente a um idioma próprio do amor. Assim o Canzoniere, concluído por volta de 1370, tornou-se um exemplo da nova sensibilidade poética e o principal modelo da lírica amorosa no Ocidente.
ㅤㅤÉ, também, referido a Petrarca a disseminação do soneto, que é uma forma fixa literária composta por quatro estrofes, tendo as duas primeiras, quatro versos cada, - quartetos – e as duas últimas, três versos cada, – tercetos –. Petrarca aperfeiçoou esta estrutura poética que já vinha sido cultivada na Sicília e difundiu-a por toda Europa, quanto à forma, Petrarca estabelece os hendecassílabos. O soneto petrarquista é composto de catorze versos com dez sílabas poéticas, obedecendo os esquemas de rimas ABBA ABBA CDC DCD, com alternância nos tercetos CDE CDE (C D C). Geralmente os versos são heróicos ou sáficos, que pela delimitação da tonicidade das sílabas, compõe ritmo e sonoridade à poesia.
ㅤㅤApesar de sua obra mais famosa ter sido escrita no italiano, Petrarca a considerava de pouco valor e até mesmo motivo de vergonha para o poeta. Petrarca julgava que a escrita nas línguas neolatinas era um ofício inferior e que a poesia deveria retornar as origens do classicismo latino, por isso os seus diversos escritos no latim e a vergonha das suas rimas vulgares. O cantor de Laura nunca escondeu a sua admiração pelos poetas da Antiguidade e nem a sua intenção de retomar a poesia na sua forma mais elevada, que, de acordo com ele, consistia no exercício poético no mais puro latim, como trabalhado pelos poetas antigos que tanto estudou e amou. Sendo assim, foi por meio do seu engenho e esforço que se iniciou um movimento de retorno ao passado, às origens clássicas, um retorno às fontes do pensamento e da beleza que perdurou por todo o Renascimento e foi o fio condutor do Humanismo. A sua produção latina é vasta em gênero, desde elegias até diálogos filosóficos, porém a sua maior dedicação foi aos epistolários Familiares e Seniles os quais seriam a sua “autobiografia” perfeita. As suas obras em latim mais conhecidas são: o Secretum e De vita solitaria. Dessa forma, podemos vislumbrar na produção petrarquiana uma rede de ensinamentos e reflexões tecida durante os longos anos de dedicação e estudo de um dos maiores homens de seu tempo, que permeia pela celebração dos autores clássicos, por um amor paradoxal e atormentador, pela exaltação da vida solitária e da amenidade da natureza, por críticas literárias e políticas, até as escrituras sagradas e os dilemas internos humanos.
ㅤㅤNo Brasil, temos sete traduções dos versos de Petrarca: Ramalhete poético do parnaso italiano (1843), de De Simoni; O Cancioneiro de Petrarca (1945), na tradução de Jamil Almansur Haddad; Poemas de Amor (2002) também na tradução de Jamil Almansur Haddad; Triunfos (2006) cuja tradução é atribuída a Camões; Sonetos de Francesco Petrarca (2013) na tradução de Renato Suttana; Cancioneiro (2014), a única tradução completa do Canzoniere, feita por José Clemente Pozenato e Na terra e no céu (2023), traduzido por Sérgio de Queiroz Duarte.
Verbete por Laura Couto (2023)
Source: https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Petrarca
Francisco Petrarca (em italiano: Francesco Petrarca; Arezzo, 20 de julho de 1304 — Arquà, 19 de julho de 1374) foi um intelectual, poeta e humanista italiano, famoso, principalmente, devido ao seu romanceiro. Aperfeiçoou o soneto, um tipo de poema composto de 14 versos cuja invenção é atribuída a Jacopo da Lentini. Foi baseado no trabalho de Petrarca (e também de Dante e Boccaccio) que Pietro Bembo, no século XVI, criou o modelo para o italiano moderno, mais tarde adotado pela Accademia della Crusca. Pesquisador e filólogo, divulgador e escritor, é tido como o "pai do Humanismo". Mas esse grande latinista deve sua fama principalmente a seus poemas, redigidos em língua italiana.
Title | Translated | Classification | Year |
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