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Title: Ramalhete poético do parnaso italiano

Subtitle: Oferecido a suas Majestades Imperiais D. Pedro II, Imperador do Brasil, e D. Teresa Cristina Maria, Imperatriz, sua augusta esposa, na ocasião do seu faustíssimo consórcio

Writers: Fulvio Testi, Scipione Maffei, Benedetto Menzini, Giovanni Battista Niccolini, Ippolito Pindemonte, Giuseppe Parini, Saverio Bettinelli, Giovanni di Paolo Rucellai, Angelo Poliziano, Carlo Innocenzo Frugoni, Alessandro Guidi, Vincenzo da Filicaja, Alessandro Manzoni, Gabriello Chiabrera, Vincenzo Monti, Pietro Metastasio, Silvio Pellico, Torquato Tasso, Ugo Foscolo, Ludovico Ariosto, Francesco Petrarca, Niccolò Machiavelli (Maquiavel), Vittorio Alfieri, Dante Alighieri

Translator: Luiz Vicente de Simoni

Organizador(a): Luiz Vicente de Simoni

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Source(s)

  • BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1893. 7 v.
  • Google Books. Banco de dados digital. Disponível em: https://books.google.com.br/.
  • Projeto Dicionário Bibliográfico da Literatura Italiana Traduzida

Description

Os 25 poetas com os respectivos fragmentos traduzidos por De Simoni são:


  1. ALFIERI, Vittorio: “Conselho privado de Filippe ou acusação de seu filho Carlos” - Ato III, cena V. In Filippo. “Egisto conta como matou um salteador” - Ato II, cena II. In Merope.
  2. ALIGHIERI, Dante: Inferno: “Prótase da Divina Comedia e do Inferno” - Canto I; “Entrada do Inferno” - Canto III; “Francesca de Rimini” - Canto V (versos 70-145) e “Morte do conde Ugolino” - Canto XXXIII (versos 1-88). Purgatório: “Prótase do purgatório” - Canto I. Paraíso: “Prótase do paraíso” - Canto I e “Chegada de Beatriz ao seu assento celeste e sua separação de Dante” - Canto XXXI. In Commedia:
  3. ARIOSTO, Ludovico: “Prótase do Orlando Furioso” - Canto 1 (versos 1-32); “Angélica e Sacripante” - Canto 1 (versos 249-448); “Sacripante derrubado da sela por Bradamante e aparecimento de Rinaldo” - Canto 1 (versos 472-655); “Combate entre Rivaldo e Sacripante feito cessar com astúcia por um mago” - Canto 2 (versos 1-159); “Chegada de Ruggiero” - Canto 7 (versos 1-224) “Pinturas. O arcanjo S. Miguel, o silêncio, a fraude e a discórdia.” - Canto 14 (versos 600-776); “Assalto de Paris dado pelos Sarracenos” - Canto 14 (versos 777-1072); “Sortida noturna de Medoro e Gloridano, depois da derrota dos sarracenos” - Canto 18 (versos 1-500); “Medoro e Gloridano surpreendidos por Zerbino” - Canto 19 (versos 1-265); “A discórdia no campo de Agramante” - Canto 27 (versos 265-807).  In Orlando Furioso:
  4. BETTINELLI, Saverio: “O Tasso e o Ariosto”. In Poesie.
  5. CHIABRERA, Gabriello: “A beleza da sua dama”; “Riso de mulher bela”. In Poesie.
  6. FILICAJA, Vincenzo da: “Pela libertação de Viena sitiada pelos turcos”. In Poesie toscane.
  7. FOSCOLO, Ugo: “A sorte da Itália” - Ato II, cena III. In Ricciarda.
  8. FRUGONI, Carlo Innocenzo: “A ilha de amor”; “Amor pedinchão.” In Poesie scelte.
  9. GUARINI, Giovanni Battista: “Queixas de um sátiro contra amor e as mulheres” - Ato I, cena V; “A caçada do javali contada por Dorinda” - Ato IV, cena II. In Il Pastor Fido.
  10. GUIDI, Alessandro: “A fortuna” - Canção. In Rime.
  11. MACHIAVELLI, Niccolò: “A ocasião”. In Poesie.
  12. MAFFEI, Andrea: “Egisto conta como matou um assassino” - Ato I, cena III. “Morte de Polipontes contada por Ismenia” - Ato V, cena VI. In La merope.
  13. MANZONI, Alessandro: “A guerra entre os Estados italianos” - Ato II, cena VI. In Il Conte di Carmagnola.
  14. MENZINI, Benedetto: “A sublimidade no escrever”. In Arte poética.
  15. METASTASIO, Pietro: “Trechos morais e sentenciosos, existência e unidade de Deus” - Parte Segunda. In La Betulia Liberata. “Prudência e resignação na desgraça” - Primeiro Ato, primeira cena; “Grandeza de animo” - Primeiro Ato, nona cena; “Prudência e moderação na prosperidade” - Segundo ato, primeira cena; “Amor da pátria” - Segundo ato, sétima cena. In Temistocle. “A pátria”; “A glória”; “A beleza”. In Poemi sacri. “Quem inda as praias fugir não viu”; “Sou qual rio que inchado de humores”; “É a constância dos amantes”; “Se fecundo e mui viçoso”; “Não quiseste, injusto céu, que eu nascesse pastorinha”; “Falou sério? andou brincando?”; “Quem capaz é de culpar-me”; “Soltar quisera os vínculos desta alma prisioneira”; “Do seu gentil semblante meu primo amor nasceu”; “Às vezes brinca o nauta”; “Daquele injusto enfado”; “Me queixarei calando”; “Vós rides de um menino”; “Vão a serpente e abelha”; “Quais naus as ondas frias”; “Julguei vizinha a praia”; “Sou como um naufragado em mar desconhecido”; “Às vezes os tesouros o nauta ao mar atira”; “Pérfidos como em vida”; “Feliz idade de ouro”; “Se flor ou ramo poda o agricultor assim”; “Torrente crescido”; “Não sei donde mana”; “Da contrariedade”; “Não há mór bárbaro”; “Se o filho amado”; “Que eu possa afetos vos ter infido”; “Mas se não acham em mil amantes”. In Arie. Canzonetta.
  16. MONTI, Vincenzo: “A beleza do universo - Canto epitalâmico”; “A morte - Soneto". In Poesie. “Aristodemo revela a Gonnippo o segredo do seu crime” - Ato I, cena IV. In Aristodemo.
  17. NICCOLINI, Giovanni Battista: “A clemência e a crueldade” - Ato III, cena I. In Polissena.
  18. PARINI, Giuseppe: “A precisão”. In Odi. “A madrugada do fildalgo” - versos 34 -104. In Il giorno.
  19. PELLICO, Silvio: “O suspiro”; “A mente”. In Poesie.
  20. PETRARCA, Francesco: “Introdução aos seus versos” - Soneto 1; “Beleza de M. Laura” - Sonetos 159 e 248; “Sobre a morte de M. Laura” - Soneto 269; “A visão” - Soneto 302; “A declaração de amor malograda ou as seis metamorfoses” - Canção 23; “Influência virtuosa da beleza” - Canção 72; “A fonte de Vaucluse” - Canção 126; “O sonho” - Canção 359; “À virgem nossa senhora” - Canção 366; “À Itália” - Canção 128; “A glória” - Canção 119. In Rerum vulgarium fragmenta (Il Canzoniere)
  21. PINDEMONTE, Ippolito: “O aniversário da Victoria” - Ato I, cena VII. In Arminio.
  22. POLIZIANO, Angelo: “A mulher amável”. In Rime.
  23. RUCELLAI, Giovanni di Paolo: “As abelhas trabalhando” – poema. In Le api.
  24. TASSO, Torquato: “Prótase da Jerusalém Libertada e embaixada celeste a Goffredo” - Canto 1 (versos 1-151); “Convocação do congresso infernal e fala de Plutão” - Canto 4 (versos 1-151); “Chegada de Armida ao campo cristão” - Canto 4 (versos 152-304); “Primeiro duelo entre Angante e Tancredo” - Canto 6 (versos 177-424); “Amor de Hermínia por Tancredo e sua saída incógnita para ir curar-lhe as feridas” - Canto 6 (versos 425-768); “Hermínia entre os pastores” - Canto 7 (versos 1-175); “Duelo entre Argante e Raimundo seguido de uma batalha e tempestade” - Canto 7 (versos 617-976); “Morte heroica de Sueno narrada a Godofredo por um escapado do excídio” - Canto 8 (versos 41-336); “Morte de Clorinda em duelo com Tancredo” - Canto 12 (versos 337-568); “O palácio e o jardim de Armida: vida efeminada e fuga de Rinaldo” - Canto 16 (versos 1-280). In Gerusalemme liberata. “Perigo de Silva a qual é livrada por Aminta” - Terceiro ato, primeira cena. In Aminta.
  25. TESTI, Fulvio: “A virtude e a nobreza” - Ode; “Contra a soberba” - Ode. In Le poesie liriche.

Verbete

Ramalhete Poético do Parnaso Italiano (1843) – Luiz Vicente de Simoni

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀Por Laura Couto

Outubro/2024


⠀⠀⠀A publicação do Ramalhete Poético do Parnaso Italiano em 1843 representa um marco crucial na história da tradução literária no Brasil. Organizado e traduzido por Luiz Vicente de Simoni, esse volume se consagra como a primeira antologia de poesia italiana vertida para o português. O grande mérito de De Simoni foi traduzir, pela primeira vez em língua portuguesa, gigantes da literatura como Dante Alighieri e Francesco Petrarca, abrindo caminho para a recepção e assimilação dessas vozes fundamentais no cenário literário brasileiro.


⠀⠀⠀Nascido em uma rica família napolitana, Luiz Vicente de Simoni formou-se em medicina pela Universidade de Pavia antes de migrar para o Brasil em 1817, motivado por razões políticas e pela intenção de contribuir para o cenário intelectual de um país que, na época, buscava consolidar sua independência. Sua trajetória no Brasil foi marcada por prestígio e rápida ascensão. Logo após sua chegada, foi nomeado médico da corte de D. João VI e, posteriormente, ajudou a fundar a Academia Nacional de Medicina do Rio de Janeiro. Além de atuar como professor de língua e literatura italiana no Colégio Pedro II, desenvolveu uma vasta obra tradutória, especialmente no campo das óperas italianas, mas também em obras literárias significativas de seu país de origem.


⠀⠀⠀A publicação do Ramalhete Poético do Parnaso Italiano ocorreu em um momento crucial para o Brasil, logo após sua independência política, quando o país tentava definir uma identidade cultural autônoma. Nesse contexto, De Simoni não estava apenas apresentando a tradição literária italiana ao público brasileiro, mas também contribuindo ativamente para a formação cultural do Brasil. Ao reunir alguns dos maiores poetas e alguns não tão conhecidos da Itália em uma única obra, ele pretendia estabelecer um elo entre os dois países, no qual a literatura desempenharia um papel central. Como ele afirma na Prefação do Ramalhete:

"Infinitas são as vantagens que da leitura, estudo e conhecimento dos escritores italianos podem ainda resultar para a língua portuguesa, pois que essa mina, já para ela lucrosa, está mui longe de haver sido exaurida. Quando outro motivo não houvesse para o estudo da língua italiana, bastaria a grande paixão e habilidade que neste país há pela música, e pelas quais a este respeito pode-se chamar ao Brasil a - Itália da América -." (Simoni, 1843, p. 4)


⠀⠀⠀A antologia foi publicada como uma homenagem ao casamento de Dom Pedro II com a princesa italiana Teresa Cristina, um evento que simbolizava a aliança entre Brasil e Itália. Essa união, no entanto, transcendia o campo político e encontrava, na poesia, uma forma profunda de intercâmbio cultural.


⠀⠀⠀Para De Simoni, a poesia italiana, com seus valores humanistas e clássicos, poderia enriquecer e fortalecer a nascente cultura brasileira. Ao traduzir poetas como Dante e Petrarca, De Simoni adaptava suas obras ao contexto brasileiro, permitindo que elas ecoassem no ambiente político e cultural do Brasil oitocentista.


⠀⠀⠀Esse gesto tradutório não se limita à mera preservação do conteúdo original. É, de fato, uma intervenção cultural consciente, na qual De Simoni buscava integrar valores italianos em uma sociedade em formação. De acordo com Pedro Heise (2007), o projeto de De Simoni está intrinsecamente ligado ao nacionalismo romântico brasileiro. Ao introduzir poetas italianos no Brasil, ele contribuiu para a construção de uma nacionalidade, mesmo que o foco fosse unilateralmente sobre a cultura italiana. Ainda assim, a tradução dessas obras ajudou a moldar a cultura literária brasileira em um momento de afirmação da identidade nacional.


⠀⠀⠀A estrutura do Ramalhete Poético do Parnaso Italiano reflete essa intenção de diálogo cultural. Além das traduções dos grandes poetas italianos, o livro inclui composições originais de De Simoni, como sonetos e epitalâmios, que celebram a união entre Itália e Brasil, simbolicamente representada pelo casamento imperial. Esses paratextos revelam a clara intenção do autor de colocar a poesia italiana no centro de um projeto mais amplo de integração cultural. Embora o prefácio da obra seja breve, a ausência de uma longa introdução formal não diminui o caráter ambicioso do projeto. Pelo contrário, como sugere Lucia Wataghin (2013), essa inserção de textos próprios revela a ambição de De Simoni em unir as tradições literárias italiana e brasileira, colocando a poesia no centro de um projeto maior de integração cultural e política.


⠀⠀⠀As notas ao final do livro fornecem não apenas comentários sobre os textos escolhidos, mas também breves biografias dos poetas incluídos na antologia, demonstrando o cuidado de De Simoni em educar o público brasileiro sobre a importância da tradição literária italiana.


⠀⠀⠀A recepção do Ramalhete Poético do Parnaso Italiano foi significativa para a história literária brasileira. Em muitos casos, as traduções de De Simoni foram as primeiras — e por muito tempo as únicas — versões em português de poetas italianos. Sua importância como tradutor é incontestável, especialmente pela introdução de nomes como Dante e Petrarca no Brasil. Em certos casos, suas traduções ainda são as únicas disponíveis até hoje, destacando a relevância duradoura de sua obra.


⠀⠀⠀Com cerca de mil páginas, a antologia oferece tanto os textos originais em italiano quanto suas traduções, acompanhados por paratextos que contextualizam as obras. Essa estrutura revela o cuidado de De Simoni em aproximar o público brasileiro da tradição italiana, ao mesmo tempo em que oferece um panorama rico e detalhado da produção poética da Itália. Seu trabalho não foi apenas o de um tradutor, mas o de um mediador cultural, preocupado em adaptar a poesia italiana ao contexto brasileiro.


⠀⠀⠀A escolha de publicar a antologia em homenagem ao casamento de Dom Pedro II com Teresa Cristina reforça a ideia de que De Simoni via na poesia uma forma de consolidar as relações entre os dois países. A "união ítalo-brasileira", como ele sugere em seus textos, não era apenas política, mas também cultural e literária. Ao longo de sua vida, De Simoni contribuiu para a formação de uma identidade literária brasileira, ao mesmo tempo em que preservava e difundia a tradição italiana.


⠀⠀⠀O Ramalhete Poético do Parnaso Italiano é um exemplo notável de como a tradução pode servir a propósitos culturais, políticos e ideológicos. Ao traduzir e organizar essa antologia, De Simoni não apenas trouxe a poesia italiana ao Brasil, mas também ajudou a moldar a identidade literária do país. Sua contribuição à tradução literária no Brasil permanece um marco importante, e sua obra continua sendo um testemunho da profunda interseção entre literatura, cultura e política.


Referências


HEISE, Pedro Falleiros. A introdução de Dante no Brasil: o Ramalhete poético do parnaso italiano de Luiz Vicente De Simoni. 2007. 102 f. Dissertação (Mestrado) -Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Departamento de Letras Modernas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

SIMONI, Luiz Vicente de. Ramalhete poético do parnaso italiano. Rio de Janeiro: Tipografia Imperial e Constitucional de J. Villeneuve, 1843. p. 1-100.

WATAGHIN, Lucia. “Para um mapeamento da recepção da literatura italiana no Brasil.” In: PETERLE, Patricia et al (org.). Literatura Italiana Traduzida no Brasil 1900-1950. Niterói: Comunità, 2013. p. 20-39.




ABNT reference of the work

SIMONI, Luiz Vicente de (org). Ramalhete poético do parnaso italiano: Oferecido a suas Majestades Imperiais D. Pedro II, Imperador do Brasil, e D. Teresa Cristina Maria, Imperatriz, sua augusta esposa, na ocasião do seu faustíssimo consórcio. Translation from Luiz Vicente de Simoni. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: Tipografia Imperial e Constitucional de J. Villeneuve, 1843.



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